Copom Reforça Tom Agressivo e Dissipa Dúvidas Sobre Moderação

Banco Central mantém postura firme e afasta receios de leniência na política monetária. Economistas analisam impactos da decisão do Copom na inflação e no mercado.

ECONOMIABRASIL

2/4/20252 min ler

cars on road between high rise buildings during daytime
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Copom Mantém Tom Agressivo e Reafirma Compromisso com Inflação

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na quarta-feira (29/01), reforçou o tom rígido adotado pelo Banco Central, afastando interpretações de que a autoridade monetária estaria preparando uma mudança para uma postura mais moderada. A decisão manteve a taxa Selic em 13,25%, destacando os riscos de alta para a inflação e a necessidade de manter a política monetária contracionista.

A inclusão da possibilidade de uma desaceleração econômica mais acentuada no comunicado da semana passada gerou preocupações no mercado financeiro, levantando questionamentos sobre uma possível flexibilização futura. No entanto, a ata esclareceu que, apesar dos primeiros sinais de desaceleração em setores sensíveis ao crédito, o banco central ainda enxerga os riscos inflacionários como predominantes.

Economistas Avaliam a Posição do Copom

Para Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1, a análise do Copom foi bem fundamentada e buscou eliminar interpretações errôneas sobre uma possível mudança de postura. Segundo ele, o comitê ponderou a necessidade de monitorar a intensidade da desaceleração econômica, mas deixou claro que o risco inflacionário continua sendo o fator preponderante na condução da política monetária.

Já a XP Investimentos avaliou que a ata reforçou a postura agressiva do Banco Central e indicou que a autoridade monetária deve continuar elevando os juros nos próximos meses. De acordo com a análise da instituição, o cenário atual sugere uma Selic terminal de 15,50%, com novas elevações previstas nas próximas reuniões.

A economista Rafaela Vitoria, do Inter, destacou que a desancoragem das expectativas de inflação foi um dos pontos centrais do documento. Além disso, apontou que a política fiscal expansionista tem sido um fator de pressão sobre a inflação, tornando essencial um maior equilíbrio entre o controle dos gastos públicos e a política monetária.

Por sua vez, Leonardo Costa, economista do ASA, observou que a ata buscou um tom equilibrado ao avaliar os riscos para a atividade econômica, mas manteve uma postura cautelosa devido à resiliência do mercado de trabalho e ao impacto das políticas fiscais expansionistas.

O Itaú Unibanco também considerou que a ata foi mais dura do que o comunicado anterior e ressaltou que o Copom continua monitorando a atividade econômica para identificar sinais de desaceleração mais intensa. A instituição prevê que a Selic possa alcançar 15,75% ao ano, caso os riscos inflacionários persistam.

Perspectivas para os Próximos Meses

De acordo com a análise de Gesner Oliveira, professor da FGV e sócio da GO Associados, quatro pontos centrais devem ser observados nos próximos meses:

  1. Sinais iniciais de moderação no crescimento econômico.

  2. A necessidade de maior alinhamento entre política monetária e política fiscal.

  3. A previsão de inflação elevada no primeiro semestre de 2025, podendo superar o limite da meta estabelecida.

  4. O impacto das incertezas internacionais, como a política comercial dos Estados Unidos e os desdobramentos do cenário geopolítico global.

A decisão do Copom reflete o compromisso do Banco Central em conter a inflação, mantendo uma postura rígida diante dos desafios econômicos. O mercado agora aguarda os próximos dados econômicos e as novas sinalizações da autoridade monetária sobre o rumo da taxa Selic.