Ex-chefes do Fed e do Tesouro pedem à Suprema Corte que bloqueie tentativa de Trump de demitir Lisa Cook

Um grupo de 18 ex-autoridades econômicas de alto escalão dos Estados Unidos, incluindo ex-presidentes do Federal Reserve (Fed) e ex-secretários do Tesouro, pediu nesta quinta-feira (25) que a Suprema Corte rejeite a iniciativa do presidente Donald Trump de demitir a governadora do Fed, Lisa Cook.

Entre os signatários do documento estão nomes de peso como Janet Yellen, Ben Bernanke e Alan Greenspan (ex-presidentes do Fed), além de Henry Paulson, Lawrence Summers, Timothy Geithner, Jacob Lew e Robert Rubin, que já comandaram o Tesouro em governos democratas e republicanos.

O que está em jogo

Os ex-líderes defendem que a tentativa de Trump ameaça a independência histórica do Federal Reserve, conquistada desde sua fundação em 1913, e pode corroer a confiança pública na instituição — um pilar essencial para a estabilidade econômica.

Segundo eles, permitir que a Casa Branca demita Cook de forma prematura representaria um precedente perigoso, capaz de gerar instabilidade nos mercados financeiros e até mesmo pressão inflacionária.

O caso Lisa Cook

Trump anunciou no mês passado que estava demitindo Cook, nomeada pelo ex-presidente Joe Biden, alegando supostas irregularidades em financiamentos imobiliários relacionados a propriedades na Geórgia e em Michigan.

No entanto, até agora nenhuma acusação formal foi apresentada. Documentos mostram, inclusive, que Cook declarou corretamente uma das residências como casa de férias, o que enfraquece a acusação.

Um tribunal federal já havia decidido que Trump não seguiu o devido processo legal ao tentar afastá-la, mas o caso chegou à Suprema Corte após recurso do governo.

Por que o Fed não pode ser politizado

A Lei do Federal Reserve estabelece que membros de seu conselho podem ser removidos apenas “por justa causa”, justamente para blindar o banco central de pressões políticas.

Os especialistas alertam que, se a Suprema Corte permitir a demissão, isso poderia gerar:

• Maior volatilidade nos mercados diante da percepção de ingerência política.

• Risco de inflação mais alta, já que a independência do Fed é vista como crucial no combate ao aumento de preços.

• Precedente histórico para que futuros presidentes interfiram nas decisões monetárias.

Curiosidades sobre o Fed e o caso

• Desde sua criação em 1913, nenhum presidente americano havia tentado remover um governador do Fed. Trump é o primeiro.

• Lisa Cook foi a primeira mulher negra nomeada para o conselho do Federal Reserve, em 2022.

• Alan Greenspan, um dos signatários do documento, comandou o Fed por 18 anos, sendo o presidente mais longevo da história.

• A independência do Fed é considerada tão importante que costuma ser citada como um dos principais fatores de credibilidade econômica dos EUA no cenário internacional.

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