Fordlândia: O sonho americano de Henry Ford na Amazônia que virou uma cidade fantasma

Fordlândia: O sonho americano de Henry Ford na Amazônia que virou uma cidade fantasma: No coração da Amazônia, às margens do Rio Tapajós, no Pará, existe um distrito que carrega uma história fascinante e um tanto quanto melancólica: Fordlândia. Fundada em 1927 pelo empresário norte-americano Henry Ford, a cidade foi parte de um ambicioso projeto agroindustrial que visava suprir a demanda de látex para a produção de pneus da Ford Motor Company.

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3/9/20254 min ler

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Fordlândia: O sonho americano de Henry Ford na Amazônia que virou uma cidade fantasma

No coração da Amazônia, às margens do Rio Tapajós, no Pará, existe um distrito que carrega uma história fascinante e um tanto quanto melancólica: Fordlândia. Fundada em 1927 pelo empresário norte-americano Henry Ford, a cidade foi parte de um ambicioso projeto agroindustrial que visava suprir a demanda de látex para a produção de pneus da Ford Motor Company. No entanto, o que começou como um sonho de progresso e autossuficiência acabou se transformando em um dos maiores fracassos empresariais da história. Hoje, Fordlândia é conhecida como uma "cidade fantasma", mas ainda guarda vestígios de seu passado grandioso.

O sonho de Henry Ford

Henry Ford, o visionário por trás da linha de montagem e da popularização do automóvel, tinha dois grandes objetivos ao criar Fordlândia:

  1. Autossuficiência em látex: Ford queria garantir uma fonte própria de borracha para os pneus de seus carros, reduzindo a dependência das plantações do Sudeste Asiático, controladas por britânicos e holandeses.

  2. Recriar a América: Ford sonhava em construir uma comunidade modelo, inspirada nos valores e no estilo de vida norte-americano, no meio da selva amazônica.

Para isso, ele adquiriu uma vasta área de terras no Pará, com o apoio do então governador Dionísio Bentes. A concessão isentava a Ford de pagar taxas de exportação e permitia a exploração de recursos como borracha, madeira e petróleo.

A construção da cidade

Fordlândia foi construída com infraestrutura moderna para a época: luz elétrica, praças, cinemas, piscinas, campos de golfe e casas no estilo americano. A cidade também contava com escolas, hospitais, usinas de energia e até uma estação de rádio. Tudo foi planejado para recriar o estilo de vida que Ford admirava nos Estados Unidos.

No entanto, o projeto enfrentou problemas desde o início. As terras escolhidas eram inférteis e pedregosas, e as seringueiras foram plantadas de forma incorreta, muito próximas umas das outras, o que as tornou alvo fácil de pragas, especialmente do fungo Microcyclus ulei, que devastou as plantações.

A revolta dos trabalhadores

Além dos desafios agrícolas, Fordlândia enfrentou problemas sociais. Os trabalhadores locais, acostumados a um estilo de vida diferente, se rebelaram contra as rígidas regras impostas pela administração da Ford. Eles eram obrigados a usar crachás, seguir horários rígidos e até comer hambúrgueres e outros pratos típicos dos EUA, que não agradavam ao paladar local.

Em 1930, a insatisfação culminou em uma revolta conhecida como "quebra-panelas", quando os trabalhadores destruíram o refeitório e forçaram os gerentes a fugir para a selva. O exército brasileiro foi chamado para restaurar a ordem, mas o clima de tensão persistiu.

O fracasso e o legado

Após anos de prejuízos e tentativas frustradas de salvar o projeto, a Ford decidiu abandonar Fordlândia em 1945. O governo brasileiro comprou as instalações por US$ 250 mil e assumiu as obrigações trabalhistas. A cidade, que chegou a abrigar milhares de pessoas, foi gradualmente abandonada, transformando-se em uma "cidade fantasma".

Hoje, Fordlândia é um distrito do município de Aveiro, com cerca de 1.200 habitantes. A economia local depende da agropecuária, do extrativismo e da pesca. A abertura da rodovia Cuiabá-Santarém, na década de 1970, trouxe uma nova onda de desenvolvimento, com o cultivo de soja nas áreas próximas.

As ruínas de Fordlândia

Apesar do abandono, muitas das estruturas originais ainda estão de pé, incluindo:

  • Torre de água: Com 50 metros de altura, é o símbolo da cidade e ainda funciona.

  • Serraria: Responsável pelo fornecimento de madeira, ainda mantém parte de sua estrutura.

  • Workshop: Um depósito de três andares que guarda artefatos da era Ford, como camas hospitalares e equipamentos.

  • American Village: As casas que abrigavam os funcionários norte-americanos ainda existem, embora muitas tenham sido saqueadas.

Infelizmente, o hospital foi completamente desmontado por saqueadores, e há relatos de que materiais radioativos das máquinas de raios-X foram deixados para trás, gerando preocupações sobre contaminação.

Fordlândia na cultura

A história de Fordlândia inspirou obras artísticas e literárias. A cantora Kate Campbell e o compositor islandês Jóhann Jóhannsson dedicaram álbuns à cidade. O historiador Greg Grandin escreveu o livro "Fordlândia: A ascensão e a queda da cidade perdida na selva de Henry Ford", considerado um dos melhores de 2009 pelo The New York Times. Além disso, documentários como "Muito além da Fordlândia" exploram o legado desse experimento social.

Conclusão

Fordlândia é um testemunho dos sonhos ambiciosos e dos fracassos retumbantes. O projeto de Henry Ford, que prometia progresso e autossuficiência, acabou se tornando um símbolo de como a falta de compreensão cultural e ambiental pode levar ao desastre. Hoje, as ruínas de Fordlândia servem como um lembrete fascinante e melancólico de uma época em que a Amazônia foi palco de um dos maiores experimentos industriais do século XX.

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