Fusões de Grandes Bancos Estagnadas Pela Volatilidade Política Apesar de Sinais de Desregulamentação

Regulamentação e Impacto no Mercado

O Secretário do Tesouro, Scott Bessent, declarou recentemente que as fusões bancárias estão sendo retardadas por questões menores. Paralelamente, novos reguladores revogaram regras da era Biden que impunham maior rigor na supervisão de transações de grande porte. Contudo, especialistas do setor afirmam que essa flexibilização não é suficiente para impulsionar fusões de grandes instituições financeiras.

Bill Burgess, co-diretor do setor financeiro do banco de investimentos Piper Sandler, explicou que a desaceleração das fusões é resultado de vários fatores combinados. Entre eles, destaca-se a instabilidade do mercado e a complexidade inerente às transações entre grandes bancos.

Expectativas para o Setor Bancário

A especialista Cheryl Pate, gestora sênior de portfólios da Angel Oak Advisors, acredita que pode haver alguma consolidação entre bancos regionais e comunitários, mas fusões entre grandes bancos continuarão sob forte escrutínio.

"Não sou tão otimista quanto a fusões no setor de bancos super regionais, pois ainda haverá muita fiscalização", afirmou Pate.

Os analistas frequentemente citam PNC Financial, U.S. Bancorp e Truist Financial como possíveis protagonistas em futuras aquisições, mas a postura cautelosa predomina até que haja mais clareza regulatória.

Mudanças na Regulação e Seus Efeitos

O Conselho Republicano da FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation) anunciou em 3 de março que restabelecerá diretrizes anteriores para revisão de fusões bancárias, revertendo o modelo mais rigoroso imposto pela administração Biden.

Randy Benjenk, co-presidente de serviços financeiros do escritório Covington & Burling, declarou que a revogação dessas regras é um passo essencial para restaurar a previsibilidade do setor. "Fusões produtivas e sinérgicas são frequentemente atrasadas por questões regulatórias menores", afirmou Bessent.

Apesar do otimismo inicial após a eleição de Trump, os bancos ainda se mostram hesitantes. A fusão de US$ 35 bilhões entre Capital One e Discover Financial Services, anunciada em fevereiro de 2024, continua sem aprovação regulatória mais de um ano depois, sendo vista como um teste para o novo cenário político.

Entre março de 2022 e o presente, apenas nove transações acima de US$ 1 bilhão foram anunciadas, segundo a S&P Global Market Intelligence, um número inferior às 12 fusões registradas no primeiro ano da gestão Biden.

Incertezas Persistem

A instabilidade regulatória continua, pois agências como a FDIC e o Office of the Comptroller of the Currency estão sendo administradas por líderes interinos. Muitos bancos também enfrentam problemas regulatórios que precisam ser resolvidos antes de qualquer grande fusão ser aprovada.

Atualmente, cerca de dois terços dos grandes bancos dos EUA enfrentam restrições regulatórias devido a falhas em governança e gestão de riscos, conforme relatório do escritório jurídico Wachtell, Lipton, Rosen & Katz.

A crise bancária de 2023, que resultou no colapso do Silicon Valley Bank e do First Republic Bank, também minou a confiança dos investidores. Além disso, a alta dos juros nos EUA aumentou as perdas contábeis nos portfólios de títulos dos bancos, o que poderia se traduzir em perdas reais em caso de fusão.

Jason Goldberg, analista do Barclays, pondera que "os bancos precisam entender exatamente o que os reguladores esperam para aprovar uma fusão e reduzir as incertezas políticas. Com o tempo, as perdas não realizadas devem diminuir e as fusões voltarão a acontecer. O setor está maduro para consolidação".

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