Tarifas de Trump: Quais os Impactos para o Mercado? Análises Iniciais

O mercado financeiro está atento às novas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

MUNDOECONOMIA

1/31/20254 min ler

President Donald Trump
President Donald Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou a imposição de tarifas de 25% sobre importações do Canadá e México, que entram em vigor neste sábado. Além disso, o governo norte-americano já estuda sanções comerciais contra a China, justificando a medida como uma resposta ao envio de fentanil ao país.

Ainda sem uma decisão definitiva, Trump indicou que o petróleo importado desses países pode ou não ser incluído nas tarifas. Em paralelo, ele ameaçou os países membros do BRICS com taxas de 100% sobre suas exportações, caso continuem avançando com iniciativas para reduzir a dependência do dólar no comércio internacional.

Incertezas e Possíveis Impactos Econômicos

De acordo com análises do Bradesco BBI, ainda não está claro quais setores e produtos serão diretamente afetados pelas tarifas aplicadas ao Canadá e México. No entanto, especialistas acreditam que esse tema pode gerar turbulências recorrentes no mercado, especialmente nos setores de proteína e agronegócio, com reflexos também no Brasil.

Com novas medidas possivelmente sendo anunciadas em breve, investidores e analistas seguem atentos aos impactos dessas tarifas na economia global.

Impactos das Novas Tarifas de Trump: Setores Afetados e Efeitos no Brasil

As novas tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão movimentando os mercados globais. As taxas de 25% sobre importações do Canadá e México já têm data para entrar em vigor, e a China pode ser o próximo alvo, segundo declarações do próprio presidente. Além disso, os países do BRICS foram alertados sobre possíveis sanções de 100% caso sigam buscando alternativas ao dólar no comércio internacional.

Setores em Alerta: Proteína Animal e Agronegócio

Especialistas do Bradesco BBI avaliam que os impactos sobre Canadá e México ainda são incertos, especialmente em relação a quais produtos serão afetados e se as medidas serão permanentes. No entanto, os setores de proteína animal e agronegócio já monitoram os possíveis desdobramentos.

Proteína Animal

Os EUA dependem das importações de carne e gado vivo desses países. Confira os principais números:

  • Bovinos vivos: 2 milhões de cabeças importadas (100% do total de importações);

  • Carne bovina: 582 mil toneladas importadas (49% do total), com impacto na cadeia produtiva;

  • Suínos: 6,7 milhões de cabeças importadas (100% do total);

  • Carne suína: 335 mil toneladas importadas (80% do total), afetando o fluxo comercial;

  • Aves: 936 mil toneladas de exportação líquida, setor que pode sofrer ajustes.

Analistas apontam que, se as tarifas forem implementadas, o impacto poderá ser sentido de diferentes formas: preços mais altos para o consumidor nos EUA, redução no valor do gado para produtores canadenses e mexicanos, e ajustes nos intermediários da cadeia de abastecimento. Apesar disso, grandes frigoríficos como JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) não devem sofrer impactos significativos, devido à falta de integração vertical em suas operações.

Agronegócio

No setor agrícola, um dos focos é o mercado de fertilizantes, que representa 25% a 30% do consumo total dos EUA. O Canadá é responsável por cerca de 50% desse volume, sendo o principal fornecedor de potássio. Apesar disso, a análise sugere que mesmo uma tarifa de 25% sobre os fertilizantes canadenses teria impacto limitado nos custos gerais de produção agrícola nos EUA.

Efeitos Macroeconômicos e Reflexos no Brasil

Segundo análise do Morgan Stanley, as tarifas podem gerar inflação e desaceleração econômica nos países da América Latina, com o México sendo o mais afetado devido à sua forte dependência dos EUA. Para o Brasil, o impacto é mais equilibrado.

Oportunidades para o Brasil

Se os EUA aumentarem tarifas sobre a China, o Brasil pode se beneficiar, assim como ocorreu em 2017, quando exportações brasileiras para o país asiático cresceram de 19,6% (2016) para 28% (2018). A soja foi um dos maiores beneficiados, com aumento de US$ 12,8 bilhões nas exportações para a China no período. Com a capacidade de expansão da produção, o Brasil poderia ampliar ainda mais sua participação no mercado chinês.

Riscos para o Brasil

Por outro lado, a situação fiscal brasileira e a volatilidade do real podem trazer desafios. A desvalorização da moeda nacional poderia aumentar a inflação interna. Segundo estimativas, para cada 10% de desvalorização do real, a inflação sobe 96 pontos-base em 12 meses. Além disso, um acordo comercial entre EUA e China poderia redirecionar importações chinesas para os norte-americanos, reduzindo oportunidades para o Brasil.

Possíveis Tarifas dos EUA para o Brasil?

O Bradesco já havia projetado cenários de impacto caso o governo norte-americano endurecesse as políticas comerciais com o Brasil:

  • Tarifa de 10% sobre exportações brasileiras: impacto negativo de US$ 2 bilhões na balança comercial e desvalorização cambial de 4%;

  • Tarifa de 25%: perda estimada de US$ 5,5 bilhões nas exportações.

Os principais produtos brasileiros exportados para os EUA incluem:

  • Aço e ferro: US$ 5,9 bilhões

  • Petróleo e derivados: US$ 7,6 bilhões

  • Aeronaves: US$ 4,5 bilhões

  • Papel e celulose: US$ 1,7 bilhão

  • Carnes: US$ 1,4 bilhão

Atualmente, a maioria das exportações brasileiras para os EUA não sofre taxação, com exceção do petróleo, que tem tarifas entre 5% e 6%.

Conclusão

As tarifas comerciais anunciadas por Trump geram um cenário de incerteza para os mercados globais. Enquanto o Brasil pode encontrar oportunidades no comércio com a China, também precisa ficar atento aos riscos cambiais e possíveis taxações futuras por parte dos EUA.

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