Tarifas dos EUA sobre Canadá e México: Como Isso Afetará o Mercado de Metais?
📈 Com novas tarifas de 25% sobre importações do Canadá e do México, preços de cobre, alumínio, zinco e aço devem disparar nos EUA. Entenda os impactos no mercado global e as possíveis mudanças nas cadeias de suprimentos.
ESTADOS UNIDOSMUNDO
2/2/20253 min ler
A decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 25% sobre importações do Canadá e do México, com vigência a partir de 1º de fevereiro, deve gerar impactos imediatos no mercado de metais.
De acordo com analistas do Morgan Stanley (NYSE: MS), os EUA são grandes importadores líquidos de metais essenciais, como cobre, alumínio, aço e zinco, dependendo fortemente de seus vizinhos para suprir a demanda interna.
A imposição das tarifas provavelmente elevará os preços domésticos a curto prazo, enquanto o mercado se ajusta às novas barreiras comerciais.
Cobre
O cobre será um dos metais mais afetados. Em 2023, os EUA importaram 565 mil toneladas de cobre refinado, o que representa 36% da demanda nacional. O Canadá e o México foram responsáveis por 36% desse total (ou 31% se excluído o cobre reciclado).
As tarifas devem ampliar ainda mais o prêmio sobre o cobre negociado na COMEX, que já opera cerca de 6% acima da London Metal Exchange. Embora a situação possa atrair novas fontes de suprimento de outras regiões, a reorganização das cadeias de comércio levará tempo, resultando em preços mais altos no mercado interno. Os estoques da COMEX já atingiram o maior nível desde 2018.
Alumínio
O alumínio será ainda mais impactado. Em 2023, os EUA importaram cerca de 4,5 milhões de toneladas do metal, cobrindo 82% da demanda por alumínio refinado. Canadá e México responderam por quase 60% dessas importações, sendo que o Canadá, sozinho, forneceu 64% do alumínio não trabalhado.
Embora o alumínio negociado na COMEX possa ser entregue fora dos EUA, a principal consequência das tarifas será o aumento do prêmio no mercado do Meio-Oeste, um custo adicional pago pelos compradores para entrega física. Esse prêmio já subiu para 26,75 centavos por libra (cerca de US$ 590 por tonelada), o maior nível em um ano, e pode continuar a crescer caso as restrições de fornecimento se mantenham. Os EUA devem buscar fornecedores alternativos, enquanto Canadá e México precisarão redirecionar suas exportações para outros mercados.
Zinco
Outro metal amplamente dependente das importações canadenses e mexicanas é o zinco, que também deve sofrer aumentos de preços. Em 2023, os EUA importaram 677 mil toneladas de zinco refinado, o que correspondeu a 67% da demanda interna. O Canadá forneceu metade desse volume.
Embora o zinco tenha recebido menos atenção do que o cobre e o alumínio, analistas do Morgan Stanley acreditam que o mercado verá uma elevação no prêmio do zinco no Meio-Oeste dos EUA à medida que os impactos das tarifas forem sendo compreendidos.
Aço
O aço, que representou 15,7 milhões de toneladas de importações líquidas em 2023 (cobrindo 17% da demanda dos EUA), também será afetado.
Entre 40% e 50% dessas importações vieram do Canadá e do México, dependendo se o aço reciclado é incluído na conta. No entanto, analistas apontam que o impacto nas cotações do aço pode ser mais limitado a longo prazo. Isso porque os EUA vêm expandindo sua capacidade de produção, com 10,7 milhões de toneladas adicionais entrando em operação entre 2020 e 2023, e mais 10,5 milhões previstas entre o final de 2024 e 2027.
Atualmente, as siderúrgicas dos EUA operam com uma taxa de utilização de 70% a 75%, sugerindo que já há uma certa capacidade ociosa que pode compensar a perda de importações.
Apesar da expectativa de aumentos de preços e reestruturação do fornecimento no curto prazo, o mercado deve se ajustar ao longo do tempo. As rotas comerciais serão reconfiguradas, com fornecedores alternativos suprindo a demanda dos EUA.
Por ora, as tarifas devem encarecer especialmente o cobre, alumínio e zinco, já que as indústrias terão que se adaptar rapidamente às novas dinâmicas do comércio internacional.